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TRAJETÓRIA NO XADREZ
1971 |
Considero o meu início no xadrez, o dia em que fui visitar o amigo Wanderley Nunes e ele mostrou-me um mundo que eu não sabia existir: livros de xadrez, relógio de xadrez, competições, … Alguns dias depois, através do amigo, conheci o Mequinho (Henrique da Costa Mecking), que na época ainda era Mestre Internacional; pedi ao Mequinho a indicação de um livro de xadrez, e ele indicou-me “Estratégia Moderna do Xadrez”, de Ludek Pachman, meu primeiro livro de xadrez e considerado até hoje um clássico;
Comecei a anotar, analisar e comentar as partidas amistosas com o Wanderley;
Assim que comecei a estudar e decidi competir, defini a minha meta: “ter condições de enfrentar um Grande Mestre de Xadrez, e, mesmo perdendo, entender por que perdi” !
Nesta época, minhas principais fontes de consulta e estudos foram o livro do Pachman, já citado, o livro “Manual de Xadrez”, de Idel Becker, além de recortes de colunas de xadrez de jornais e revistas;
Frequentava o Clube de Xadrez Cinelândia, em frente à Praça do Lido, em Copacabana, que tinha a presença constante de alguns fortes jogadores, entre eles, Vince Toth e Silvio Mendes, que sempre mostravam partidas magistrais, finais e combinações táticas interessantes;
Passei a frequentar também o Clube de Regatas Flamengo, a convite do Mequinho, na época Mestre Internacional, bi-Campeão brasileiro e Campeão sul-americano;
Acompanhei o match Fischer x Petrossian, final do Torneio dos Candidatos ao título mundial, em outubro de 1971, quando já era fã de Bobby Fischer e do Mequinho;
1971 foi um ano de pouco estudo de xadrez; minha paixão ainda era o futebol de praia; joguei no Botafogo e no Corinthians, além de jogar todo dia na praia, com os amigos.
No início das férias escolares, decidi melhorar o meu jogo e planejei um treinamento intensivo de xadrez para dezembro/71, janeiro e fevereiro/72, que produziu bons resultados.
Desde cedo procurei seguir os conselhos dos Mestres em seus livros! “NO XADREZ NADA SE DECORA; O IMPORTANTE É ENTENDER OS PRINCÍPIOS BÁSICOS DO JOGO” EMANUEL LASKER – CAMPEÃO MUNDIAL POR 27 ANOS (1894-1921)! “APRENDE-SE MAIS NAS DERROTAS DO QUE NAS VITÓRIAS” JOSÉ RAUL CAPABLANCA – CAMPEÃO MUNDIAL (1921-1927)
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1972 |
Treinamento Intensivo 1 – percebi melhorias no meu jogo após um treinamento intensivo nas férias escolares;
Torneio das Praias do Rio de Janeiro – fui um dos 8 finalistas (fevereiro-março);
Comecei a frequentar a sala de xadrez da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil), a melhor sala de xadrez do Rio de Janeiro na época, e tive acesso aos Informadores de Xadrez da FIDE (Federacion Internacional des Echecs), uma das mais importantes publicações periódicas da modalidade;
Venci o Torneio Classe B na AABB-Lagoa (maio-junho), com 9 vitórias e um empate;
Em julho, no Torneio Colegial do Rio de Janeiro, venci 6 e empatei 3, ficando em segundo lugar; empatei com Eduardo Limp e Fernando Duarte, dois jovens talentos cariocas, bem ranqueados;
Em setembro, comecei a dar aulas de xadrez no Liceu Franco-Brasileiro, por indicação de Mequinho; dei aulas também no Colégio A. Liessin e aulas particulares;
“Dar aulas foi muito importante para a minha compreensão do jogo, pois fez-me buscar os fundamentos do xadrez, para repassar para os meus alunos”
Acompanhei intensamente o match pela disputa do título mundial entre Fischer e Spassky;
Material de consulta e estudos:
livro de aberturas – Panov;
livro de aberturas – Pachman;
livro de finais básicos – Y. Averbach;
livro da Defesa Siciliana Najdorf – P. Cherta;
Livros Manual de Xadrez de Idel Becker e Xadrez Básico de D’Agostini, usados para preparar aulas;
livro Estratégia Moderna do Xadrez – Pachman;
revistas de xadrez;
Informadores de Xadrez da FIDE.
No início das férias escolares, planejei um segundo treinamento intensivo de xadrez para dezembro/72, janeiro e fevereiro/73, que produziu ótimos resultados, e colocou-me num outro patamar.
1973 – O ANO DE OURO |
Treinamento Intensivo 2 – em novembro de 1972 eu era um jogador classe B; meus resultados em janeiro e fevereiro de 1973 confirmaram que o o estudo intensivo estava produzindo ótimos resultados;
Participei de minha primeira competição oficial; entrei no Campeonato Carioca com rating de 1703, como classe B, e terminei com rating 2001, tendo ganho quase 300 pontos, saltando as Classes B e A, passando direto a Candidato a Mestre Carioca;
1a eliminatória – 100% – 5 vitórias;
2a eliminatória – primeiro lugar – 78% (4 vitórias e 3 empates); e
semifinal – 60% (3 vitórias e 2 derrotas); terceiro colocado num grupo que teve o bi-campeão brasileiro Thiago Mangini e o vice-campeão carioca deste ano, Guilherme Pires.
Fui convidado por Mequinho para integrar o seu staff durante o Campeonato Interzonal de Petrópolis (RJ), vencido por ele, já como Grande Mestre;
Venci o ex-campeão mundial Vassily Smyslov, em simultânea na AABB-Lagoa; a partida está disponível na seção de Partidas Favoritas;
“Jogar com um Grande Mestre e mesmo que perdesse, entender o que se passou …” Superei em muito este objetivo, pois já no primeiro encontro, venci, e não apenas um GM, mas um ex-campeão mundial! Foram necessários 18 meses – de dezembro de 1971, quando fiz o meu primeiro estudo intensivo – a julho de 1973.
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“QUANDO SMYSLOV ABANDONOU A PARTIDA, LEVANTEI-ME PARA CUMPRIMENTÁ-LO,
E O SALÃO IRROMPEU EM APLAUSOS …
EU NÃO ESTAVA ACREDITANDO QUE HAVIA VENCIDO UM CAMPEÃO MUNDIAL!”
Em simultânea na Hebraica, venci o campeão de Israel, MI Shimon Kagan,
que também participou do Campeonato Interzonal de Petrópolis.
A partida está disponível na seção de Partidas Favoritas.
Perdi para o GM Mequinho em simultânea na AABB-Lagoa, numa partida onde tive chances de vitória; a partida está disponível na seção de Partidas Favoritas;
Em dezembro, venci o Campeonato do Estado do Rio, equivalente hoje ao Campeonato do Interior, representando a cidade de Teresópolis, com 1 ponto de vantagem sobre o favorito e experiente jogador Silvio Mendes, com 6 vitórias e 1 empate. E com este resultado, ainda poderia ter jogado a final do Campeonato Brasileiro, o que teria sido um feito e tanto para um primeiro ano de competição no xadrez! Os compromissos escolares falaram mais alto.
Tive certeza de que estava no caminho certo após:
Que primeiro ano de competições!
O sucesso que obtive no primeiro ano de competições motivou-me a compartilhar estas vivências, divulgando-as neste site, na esperança de ajudar pessoas interessadas em jogar xadrez num bom nível.
Pessoas com enfoque em competições
Num primeiro momento passar a experiência que permitiu-me uma ascensão meteórica, e a seguir, acrescentar a experiência adquirida em práticas e observações, visando progressos sucessivos e boas colocações em competições.
Pessoas sem enfoque em competições
Para os que assim desejarem, irei propiciar uma interessante viagem ao mundo do xadrez, bem como condições de jogar um xadrez de bom nível, e acompanhar partidas e torneios pela Internet.